"Faço parte do Laboratório de Inclusão e Diversidade desde 2020, coordenado pela Professora Doutora, Flávia Barbosa da Silva Dutra e o Professor Doutor, Felipe Di Blasi e foi através dessa participação em pesquisas voltadas para inclusão e permanência de pessoas com deficência (PcD) nas universidades que nasceu a motivação para elaborar este trabalho de conclusão de curso.
Esse estudo foi realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) que é pioneira no atendimento às cotas universitárias para as PcD desde 2004, segundo a lei 5.346/2008 prorrogada pela , de Lei nº 8.121, de setembro de 2018 (BRASIL, 2003, 2008), passando a garantir o ingresso da PcD na universidade estadual por meio de ações afirmativas.
As ações afirmativas garantem o ingresso do estudante com deficiência no ensino superior, mas após o seu ingresso, a universidade deve atender às demandas específicas desses estudantes. Dessa forma, entendemos que as aulas devem ser desenvolvidas de modo que garantam a participação plena de todos os estudantes, independente da condição. Uma das estratégias para que essa inclusão aconteça é a utilização do Desenho Universal para Aprendizagem (DUA), que vem sido utilizado por muitos educadores. Segundo Marchiori (2021, p.34) o DUA tem como objetivo:
[...] elaborar produtos e ambientes que possam ser utilizados por todos, sem necessidade de adaptações, na medida do possível. Ao encontro de um paradigma inclusivo, busca-se a adequação da escola ao estudante ao invés do estudante se adaptar ao ambiente escolar.
Para atender a essas e outras PcD, é necessário romper com algumas barreias existentes na sociedade que são impostas pelo ser humano. Segundo Sassaki (2019) existem 7 dimensões da acessibilidade, que precisam ser priorizadas para fornecer a todos a qualidade e facilidade que deveriam ter para se viver, sendo elas: Arquitetônica; Atitudinal; Comunicacional; Instrumental; Metodológica; Natural e Programática.
Diante do exposto, o objetivo geral da pesquisa foi analisar a experiência relatada por uma estudante com deficiência física acerca da sua inclusão no curso de graduação de Educação Física. Traçamos como objetivos específicos realizar entrevista semiestruturada com uma estudante com deficiência do curso de Educação Física, e identificar possíveis desafios encontrados pela estudante em seu percurso acadêmico no ensino superior.
Realizamos uma entrevista semiestruturada com uma estudante de 22 anos, que possui deficiência física congênita, identificada como agenesia de membro, graduanda do curso de licenciatura em Educação Física da Uerj. A coleta de dados se deu por uma videoconferência através da plataforma Google Meet em maio de 2021, não podendo acontecer presencialmente, devido ao advento da pandemia da Covid-19. Suas respostas foram transcritas e analisadas a partir do método de categorização de dados de Bardin, que nos permitiu criar 3 categorias “barreiras”, “inclusão” e “apoio”. O presente trabalho teve a submissão de protocolo de pesquisa realizada junto ao Sistema Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Instituição proponente Uerj, sendo aprovado em 07/02/2020, com número CAAE 26291919.4.0000.5259.
Em cada uma das categorias citadas acima, foram elencadas falas da estudante que traziam experiencias vivenciadas dentro da universidade durante seu percurso acadêmico. A estudante relatou ao longo da entrevista alguns desafios encontrados durante o percurso acadêmico. Dentre eles podemos citar, a falta de comunicação, não adaptação dos conteúdos, ausência de assuntos e questões relacionadas a inclusão, aulas não inclusivas, que por diversas vezes não atendiam a sua especificidade, além do desafio mais citado, que está relacionado a barreia atitudinal.
Uma das propostas enfatizadas pela entrevistada para diminuir possíveis desafios, é o diálogo e a informação acerca dos estudantes. Não apenas estudantes com deficiência, mas propostas que incluam a todos, como descrito a seguir pela fala da estudante:
“[...] para a gente conseguir evoluir e dar mais espaço para pessoas com deficiência é isso, é saber o que você está fazendo, pra quem você está fazendo, em saber as limitações aquela pessoa obviamente não exclui aqueles que não tenha deficiência, mas agregar [...]”
Como exposto no presente trabalho, o processo de inclusão evolui a cada dia, mas muito ainda se tem a fazer. É necessário que estudantes, professores, funcionários e gestão institucional, dialoguem sobre inclusão, acessibilidade e permanência, em prol da educação inclusiva também no ensino superior, cumprindo seu papel social e acadêmico de instituição de excelência que trabalha com a diversidade de seu público.
Após análise da entrevista e construção do trabalho, foi possível constatar que mesmo com os avanços relacionados à inclusão das PcD nas universidades ainda há muito o que ser feito em relação às barreiras atitudinais e formação dos professores acerca dos estudantes com deficiência."
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