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Primeira reportagem da série em alusão ao Dia da Consciência Negra tem como tema pessoas com deficiência; 54% desse segmento social é composto por pessoas negras


Por Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC)



O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) inicia uma série de matérias relacionadas à luta antirracista em alusão ao “Novembro Negro” - com o objetivo de refletir a respeito do dia da Consciência Negra, marcado pelo próximo dia 20. Na primeira reportagem, um panorama das pessoas negras com deficiência no Brasil.


De acordo com dados obtidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad): Pessoas com Deficiência 2022, mais de 54% das pessoas com deficiência se autodeclararam negras ou pardas, representando grande parcela da comunidade de pessoas com deficiência no Brasil. Essas estatísticas lançam luz sobre as interseções complexas entre recorte étnico e deficiência, destacando como as pessoas negras com deficiência enfrentam desafios adicionais em relação ao acesso a direitos, acessibilidade e igualdades de oportunidades.


Segundo a secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella, o racismo e o capacitismo ampliam as desigualdades sociais. “A junção do racismo, sexismo e capacitismo não só agravam essa exclusão como muitas vezes geram sofrimento e causa a morte de pessoas negras”, evidenciou.


A secretária afirmou ainda que grupos como negros e pessoas com deficiência têm sido comumente silenciados ao longo da história. “Para um grupo como negros com deficiência, as dificuldades costumam ser ainda maiores. Por isso, a atenção com esses grupos marginalizados é um tema prioritário para o governo”, disse ao afirmar que esses preconceitos precisam ser enfrentados com um novo ciclo de políticas públicas.


Acesso a direitos


O acesso a direitos e serviços para pessoas com deficiência já é um desafio significativo no Brasil, com questões relacionadas à acessibilidade, educação, emprego e atendimento médico. No entanto, quando se trata de pessoas negras com deficiência, os obstáculos se multiplicam. Elas frequentemente enfrentam discriminação racial e discriminação baseada na deficiência simultaneamente, o que torna ainda mais difícil a obtenção de serviços e oportunidades.


Por exemplo, o acesso a cuidados de saúde de qualidade pode ser prejudicado para pessoas negras com deficiência, devido às disparidades raciais no sistema de saúde e à falta de atenção às suas necessidades específicas. Além disso, a discriminação no mercado de trabalho é mais comum para essa população, limitando oportunidades de carreira e independência econômica.


Dados


Um recente estudo realizado pelo movimento Vidas Negras com Deficiência Importam (VNDI) apontou que apenas 0,6% das pessoas negras com deficiência consegue acessar o ensino superior em universidades públicas do país. Outro dado alarmante que o relatório apresenta é o de que 42,9% das mulheres negras com deficiência estão mais vulneráveis a sofrer violência.


Outra pesquisa realizada , desta vez através da coleta de dados e informações disponíveis em registros administrativos, pesquisas e sistemas do governo federal, encomendada pelo MDHC, as desigualdades raciais e de deficiência também se cruzam no mercado de trabalho. Pessoas pretas e pardas com deficiência têm a maior taxa de informalidade, 57%, enquanto pessoas brancas com deficiência representam 49%.


A disparidade salarial também pode ser observada na pesquisa, no qual, enquanto pessoas brancas com deficiência ganharam em média R$2.436,00, pessoas pretas com deficiência receberam R$1.523,00 e pardas R$1.586,00.


Em relação a casos de violência, dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) apontam que em 2022 foram registradas 11.979 notificações de violência contra pessoas com deficiência no Brasil. Em termos étnicos, pessoas pretas e pardas representam 51,6% das vítimas.


Conheça o "Diagnóstico com base nos dados e informações disponíveis em registros administrativos, pesquisas e sistemas do Governo Federal"



Acessibilidade física e social


A acessibilidade é uma preocupação fundamental para pessoas com deficiência, e o recorte étnico pode agravar essas preocupações. Comunidades de baixa renda, muitas vezes compostas por pessoas negras, podem enfrentar barreiras adicionais, como a falta de transporte acessível e moradias adaptadas. Além disso, as pessoas negras com deficiência podem se sentir isoladas devido à falta de inclusão social e às atitudes preconceituosas de outras pessoas.


Para promover a equidade e o fim do capacitismo, é necessário garantir o acesso igualitário a serviços de saúde, educação, emprego e outras oportunidades, bem como promover a acessibilidade física e social.


A conscientização e a educação sobre as experiências únicas das pessoas negras com deficiência são passos importantes na busca por um Brasil mais inclusivo e igualitário. Trabalhar para superar essas disparidades é um imperativo moral e social que exige a ação, não só governamental, como também de instituições e sociedade como um todo.


Ações conjuntas


Além das ações relacionadas ao Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o mês também terá o lançamento do plano interministerial Novo Viver sem Limite, voltado à proteção e defesa dos direitos das pessoas com deficiência, que contará com quatro eixos: gestão inclusiva e participativa; enfrentamento à violência e ao capacitismo; acessibilidade e tecnologia assistiva; e promoção dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais.


Para o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, o lançamento irá coincidir, de forma proposital, com as ações do “Novembro Negro. “Há uma relação direta de racismo e pessoa com deficiência, pois segundo alguns estudos, boa parte da população se autodeclara negra. Até porque a questão da deficiência tem a ver também com a adaptação ao ambiente, com acessibilidade, condições precárias de pobreza, desigualdade. Logo, essas pessoas têm menos acesso, menos condições de superar as barreiras ambientais”, explicou.



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Especialista aponta, entretanto, a necessidade de mudança no comportamento da sociedade com as pessoas com deficiência


Elaborado entre maio e setembro de 2023, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência Ministério foi anunciado pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania com o nome “Viver sem Limite II”.



Segundo o professor da Universidade de Brasília e coordenador do Observatório de Deficiências, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da UnB Everton Luis Pereira o documento traz avanços como o compromisso no investimento público em políticas que garantam os direitos das pessoas com deficiência.


“Pegando só do ‘Viver sem Limite I’ até agora, a gente já tem 11 anos. Tem um conjunto de normas aí construídas ao longo desses anos e que impactam, sem dúvida alguma, de forma substancial, a vida das pessoas com deficiência e de todos nós, porque mudando a vida desse grupo, a gente também se transforma”, avalia.

Apesar das conquistas, o educador aponta as barreiras existentes para a implementação efetiva dos direitos da pessoa com deficiência.


“Primeiro é colocar em prática tudo o que a gente já construiu enquanto sociedade. Mas o segundo desafio é a transformação social, porque não adianta só a gente investir em política pública, em leis, se a gente não mudar a forma como a gente olha para esses sujeitos”, alerta Pereira.


Quatro eixos

O novo plano é estruturado em quatro eixos:

  • Gestão inclusiva e participativa;

  • Enfrentamento à violência e ao capacitismo;

  • Acessibilidade e tecnologia assistiva; e

  • Acesso a direitos.

Pereira analisa a importância de cada eixo para a garantia dos direitos da pessoa com deficiência. Clique no botão acima a ouça os detalhes.




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Segunda edição da Copa PCD, com apoio do Libras nos Esports, SBT Games e Maratona Teleton, mostra o potencial dos games como ferramenta de inclusão



Machadinho produz conteúdo gamer desde 2017.

Uma das principais lideranças gamers do Brasil, Gabriel Machado, conhecido por sua comunidade como Machadinho, utiliza os games como forma de inclusão e de combate ao capacitismo. Essa junção de prazer de jogar com conscientização social também transformou Machadinho em um empreendedor dos e-sports. No próximo dia 10 de novembro, ele dá mais um passo nessa trajetória com a realização da segunda edição da Copa PCD.


O evento, criado em 2021 junto com a intérprete Kysseja, idealizadora do projeto Libras nos Esports, e apoio do SBT Games e Maratona Teleton, ganha sua segunda edição. “Ele foi criado para divulgar, incentivar e chamar a atenção para PCDs no mercado de games em geral. Além disso, ele também tem o objetivo de arrecadar fundos para a ACCD”, explica Machadinho.


A Copa PCD conta com quatro times, todos formados exclusivamente por PCDs. “Eu dei prioridade aos capitães dos times serem criadores de conteúdo e conhecidos no cenário. Além disso contamos com o apoio do pessoal do Libras no Esportes que vão trazer a tradução em libras ao vivo da apresentação do campeonato e entrevistas. Devido a velocidade de informações dentro do jogo e da transmissão fica quase impossível de fazer a tradução no meio do jogo”, explica.


À Forbes Brasil, Machadinho destaca o papel dos games como forma de inclusão.


Forbes Brasil – Como você vê o avanço da inclusão PCD nos games e esports brasileiros?

Machadinho – Estamos em uma evolução gradativa, vendo cada vez mais marcas investindo na causa, infelizmente algumas só se aproximam ou se tornam parceiras em épocas comemorativas, mas temos cada vez mais projetos voltados para PCDs que trabalham especificamente no cenário gamer e aos poucos estamos mudando esse contexto.


Kysseja, idealizadora do projeto Libras nos Esports, é uma das idealizadoras da Copa PCD.

FB – Quais os desafios ainda a serem superados?

Machadinho – A meu ver o capacitismo alheio, a falta de oportunidade de trabalho e incentivo por falta de números no engajamento e comunidade são algumas das principais barreiras. É importante apoiar, fomentar e entender as necessidades, mas também o nosso potencial.


FB – Qual o cenário em relação a patrocínios e investimentos?

Machadinho – As marcas estão cada vez mais tentando apoiar projetos para PCDs como a live de arrecadação da AbleGamers no qual a W7M entrou como parceiro, também a Exitlag com o Exitlag Unite. Fico muito feliz de ver cada vez mais empresas abraçando as causas, mas sinto que ainda falta uma comunicação mais direta para explicar a importância de tudo.


FB – Você se tornou uma grande voz da inclusão no ecossistema, como você define essa responsabilidade e o que você diria para outros PCDs que também querem se engajar com os games?

Machadinho – Eu defino essa responsabilidade com algo que eu sempre busquei desde o começo da minha carreira como criador de conteúdo. Comecei lá em 2017 e não tinha uma representatividade para me abraçar, então pensei comigo mesmo porque não me tornar essa representatividade” para assim outros PcD’s me usassem como inspiração. O que eu sempre digo para quem me pergunta como começar é “nunca deixe ninguém dizer do que você é capaz, pois só você sabe a sua capacidade”.



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