top of page

O que acontece quando o usuário se depara com uma imagem que não pode ser convertida em texto?


Por: Andifes

Pesquisadores: Larissa Rocha, Ricardo Ramos, Rosalvo Ferreira e Milton Carvalho.


Com a popularização de dispositivos como smartphones e tablets, mais pessoas com deficiência visual têm a possibilidade de navegar de maneira autônoma pelo mundo digital, graças ao auxílio de leitores de tela. No entanto, o que acontece quando o usuário se depara com uma imagem que não pode ser convertida em texto?


Com o objetivo de identificar os requisitos de software necessários para uma ferramenta de legendagem de imagens adaptada a usuários com deficiência visual, foi realizado um estudo por pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), cujos resultados foram publicados na Assistive Technology, da Taylor & Francis, um dos principais periódicos em tecnologias assistivas do mundo. A pesquisa analisou os modelos de Inteligência Artificial (IA) utilizados em soluções de image caption, capazes de receber uma imagem e gerar automaticamente um texto descritivo.


O artigo publicado, intitulado “Addressing Visual Impairments: Essential software requirements for image caption solutions” (Abordando Deficiências Visuais: Requisitos Essenciais de Software para Soluções de Legenda de Imagens, em tradução livre), tem como autores os docentes do Colegiado de Engenharia da Computação (Cecomp), Rosalvo Ferreira de Oliveira Neto e Ricardo Argenton Ramos, o revisor de texto Braille da Univasf, Milton Pereira de Carvalho Filho, e a egressa do curso de Engenharia da Computação, Larissa Almeida Rocha. A pesquisa indicou que as ferramentas atuais de legendagem não são totalmente eficazes para pessoas com deficiência visual e apontou três áreas cruciais que precisam ser aprimoradas para garantir maior eficácia dos sistemas de legendagem de imagens voltados para deficientes visuais.


Foram conduzidas duas investigações para identificar esses requisitos. A primeira consistiu em uma pesquisa online, cujo objetivo foi compreender as principais preferências dos usuários com deficiência visual em relação aos softwares audiodescritivos. Em seguida, um estudo avaliou a eficácia dos modelos atuais de legendagem baseados em aprendizagem profunda, analisando sua capacidade de atender aos requisitos estabelecidos. A análise destacou os seguintes requisitos essenciais: descrição enriquecida dos elementos humanos nas imagens, com ênfase em atributos como idade estimada, expressões faciais e etnia; exposição detalhada das cores que caracterizam os objetos no conteúdo visual, aprimorando a compreensão geral da imagem; e descrição centrada no contexto, destacando a natureza adaptativa dos requisitos de descrição com base no cenário situacional da imagem.


“Identificar a importância de uma descrição mais rica de elementos humanos, detalhes de cores e uma descrição centrada no contexto oferece um direcionamento claro para que os desenvolvedores incorporem funcionalidades que aumentem a compreensão visual desses usuários. Esses requisitos podem influenciar o design de sistemas de Inteligência Artificial (IA) mais sensíveis e personalizados, promovendo uma inclusão mais efetiva e autonomia para pessoas com deficiência visual no uso de conteúdos visuais digitais”, afirma um dos pesquisadores, o docente Rosalvo Ferreira de Oliveira Neto.


A pesquisa não apenas destaca as limitações das tecnologias existentes, mas também aponta para um futuro promissor. Segundo Oliveira Neto, as soluções encontradas no estudo já são valiosas para pessoas com deficiência visual. Contudo, muitas ferramentas ainda precisam de ajustes para realmente atender às necessidades específicas desse público, especialmente em ambientes acadêmicos e profissionais. “Acreditamos que as descobertas deste estudo podem impactar diretamente o desenvolvimento de novas tecnologias assistivas, ao orientar o aprimoramento de ferramentas de legendagem de imagens com foco nas necessidades específicas de pessoas com deficiência visual”, afirma o professor.


Oliveira Neto também ressalta a relevância de ter o estudo publicado em um periódico de prestígio na área de tecnologias assistivas. “Publicar neste periódico destaca o valor e a contribuição da pesquisa para o campo de tecnologias assistivas. No contexto acadêmico, esse trabalho reforça a importância de ouvir o usuário final, no nosso caso, a pessoa com deficiência visual. Além disso, demonstra o potencial da Inteligência Artificial para o desenvolvimento de soluções inovadoras e eficazes em tecnologias assistivas”, conclui o pesquisador.

0 visualização0 comentário

Foram avaliados 9 portais, entre os quais Magazine Luiza, Casas Bahia, Americanas e Mercado Livre


Por: Mercado & Consumo


O setor varejista no Brasil está desperdiçando uma importante fatia consumidora por não elevar os níveis de acessibilidade, pelo menos entre os portais mais usados para a realização de compras pela internet, como Magazine Luiza, OLX, Netshoes – Carrefour, Ponto Frio, Casas Bahia, Extra, Americanas e Mercado Livre. A constatação é de um estudo feito pelo Instituto Bimob, especializado em soluções de acessibilidade e consultoria para projetos sociais de inclusão, diversidade e equidade.


A entidade avaliou a condição dos principais marketplaces brasileiros frente aos padrões estabelecidos pela Web Content Accessibility Guidelines (WCAG 2.1), um guia criado pelo Consórcio World Wide Web (W3C), para orientar os sites a estarem de acordo com padrões mínimos de acessibilidade digital. O resultado foi uma média 6 com as marcas ficando num intervalo entre 4.5 e 9.7.


Entre os portais que receberam as menores pontuações, foram detectados problemas como o fato de que apesar de contarem com uma aba dedicada ao atendimento em Libras e oferecerem funções como Tradutor para Libras e recursos assistivos, essas funcionalidades estavam inativas durante a pesquisa, exibindo mensagens de erro. Por outro lado, mesmo entre estes sites com pontuação inferior, foi possível constatar que todos eles seguem boas práticas de acessibilidade em relação ao uso de navegação tabeada, textos alternativos e padrões de programação.


O OLX teve o nível de acessibilidade mais elevado em comparação com os demais, e ficou com 9,7. De acordo com o estudo, o site OLX apresentou um total de 31 práticas de acessibilidade identificadas. Destas, 24 foram classificadas como aceitáveis, 6 requerem verificação manual adicional e apenas uma foi considerada não aceitável, sendo ela de nível AA.


Por outro lado, a pontuação mais encontrada foi também a mais baixa, que corresponde a 4,5 aplicada ao Ponto Frio, Casas Bahia, Extra e ao Mercado Livre. O site das Lojas Americanas ficou com o segundo melhor resultado (7,5), seguido de perto pelo Magazine Luiza (7,0), Netshoes (6,7) e, finalmente, Carrefour (5,4).


Veja como ficou o ranking dos portais de compra avaliados, da maior para a menor pontuação:

  1. OLX 9.7

  2. Americanas 7.5

  3. Magazine Luiza 7.0

  4. Netshoes 6.7

  5. Carrefour 5.4

  6. Ponto Frio 4.5

  7. Casas Bahia 4.5

  8. Extra 4.5

  9. Mercado Livre 4.5


De acordo com o COO do Biomob, Valmir de Souza, a melhor notícia apresentada pelo estudo foi a constatação de que, apesar de estarem em níveis diferentes de execução, foi possível encontrar em todos os marketplaces a preocupação de assegurar acessibilidade em seus ambientes de compras.

“Alguns erros ainda impedem uma navegabilidade adequada para todos os públicos, mas é fato que encontramos esforços sendo feitos no sentido de alcançar este objetivo”, diz.




E-commerces com bom ranqueamento


Já na avaliação dos portais com melhores ranqueamento, foram detectados pontos positivos como o fato de todas as imagens da página terem o necessário equivalente alternativo em texto. Outro aspecto positivo foi a exposição dos elementos com a semântica de banner não estarem contidos dentro de nenhum elemento com outras semânticas.


Para o COO do Biomob, o fato de os sites de ecommerce ainda não estarem totalmente adaptados às melhores práticas de acessibilidade acarreta um ciclo de perdas que atinge a todos os envolvidos. Ele cita números como os de uma recente pesquisa feita pelo PROCON-SP. O órgão detectou que 69% dos consumidores com algum tipo de deficiência física já enfrentaram barreiras para fazer compras virtuais, com 17% afirmando que sempre enfrentam dificuldades e 52% às vezes.


“Essas pessoas se frustraram ao não conseguirem fazer as transações que gostariam, mas os sites, portais e marketplaces também deixaram de faturar com essas operações. Qual será o tamanho do prejuízo para essas empresas se esta relação se confirmar em uma mega promoção como a Black Friday?” conclui.

0 visualização0 comentário

Idealizado por quatro estudantes de jornalismo, o projeto promove uma nova abordagem de inclusão e acessibilidade


Por: APAE Curitiba-PR (Eduarda Zeglin)


Fonte: APAE Curitiba-PR


Com o propósito de promover inclusão por meio da informação, estudantes de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) lançaram, na última quinta-feira (7), a Revista Boreal — a primeira revista cultural brasileira voltada para jovens com deficiência intelectual. O lançamento aconteceu na Escola Agrícola da Apae Curitiba, onde o projeto foi desenvolvido em colaboração com estudantes da instituição, usando linguagem acessível para facilitar a compreensão do conteúdo.


O projeto é composto pelos estudantes Lorena Motter, Mariana Gomes, Valentina Nunes e Victor Gambetta. Mariana, diretora comercial, destaca a inovação que a revista representa no jornalismo brasileiro: “Pela primeira vez, temos um conteúdo totalmente voltado para jovens adultos com deficiência intelectual que não é sobre a deficiência deles, e sim sobre assuntos interessantes da cultura atual”, afirma. “Podemos dar a esse público um material novo, nunca antes visto, e totalmente acessível a eles”. 


Lorena Motter, idealizadora e editora-chefe, dedicou o projeto à sua paixão por comunicação e causas sociais. Integrada ao trabalho de comunicação da Apae, ela decidiu criar esse novo modelo para mostrar que a representatividade é essencial para promover a verdadeira inclusão. “A Revista Boreal me proporcionou uma experiência transformadora, que reforçou a importância da inclusão e acessibilidade”, disse.


A Revista Boreal traz conteúdos pedagógicos interativos, tutoriais ilustrados, apoio visual, QR codes que direcionam para vídeos e conteúdos extras, além de vídeos no TikTok e Instagram da marca, complementando as reportagens. A edição inclui também um ensaio fotográfico e explora editorias como cinema e séries, música, perfis, saúde e bem-estar, beleza e moda, tudo pensado para promover uma experiência inclusiva e acessível.


Além disso, a equipe adotou três selos diferenciados. O Selo Azul é voltado para leitores com compreensão básica, o Selo Vermelho utiliza Comunicação Alternativa Aumentativa (CAA) para quem necessita de auxílio na leitura, e o Selo Verde é indicado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sensíveis a cores fortes.


Essa divisão garante que a Boreal atenda às necessidades específicas de seu público, oferecendo um conteúdo acolhedor e adaptado.O lançamento contou com a participação de Uillian Aparecido de França, aluno da Apae Curitiba, escolhido para estampar a capa da revista. Durante o evento, ele autografou exemplares para seus colegas e expressou sua satisfação em fazer parte da produção. “Eu amei a experiência! Gostei muito do ensaio fotográfico, foi incrível”, disse Uillian, empolgado.


Valentina Nunes, diretora de comunicação do projeto, descreveu o trabalho na criação da revista como uma experiência transformadora. Acostumada ao jornalismo tradicional, ela encarou o desafio de adaptar a linguagem para torná-la acessível e envolvente para jovens adultos com deficiência intelectual. “A gente teve que trazer textos menores, mais resumidos, palavras simplificadas para eles entenderem”, explicou, ressaltando a importância de um novo jornalismo que dialoga diretamente com esse público jovem adulto, muitas vezes excluído de iniciativas semelhantes.


Essa foi sua primeira experiência com pessoas com deficiência, e o impacto do projeto superou suas expectativas. Durante o processo, Valentina pôde observar a empolgação dos alunos ao participarem de entrevistas e sessões de fotos, mesmo sem entenderem totalmente o propósito. Com a revista finalizada, ela se sentiu realizada ao ver a felicidade deles ao receberem o produto em mãos.


Victor Gambetta, diretor de arte do projeto, foi responsável pelo design gráfico e pela criação visual da Revista Boreal, buscando unir acessibilidade e atratividade. ‘’Tem sido um desafio gratificante poder tornar a cultura acessível e inclusiva para todos’’, concluiu.


O projeto é uma parceria entre a Editora (In)Finito e a Apae Curitiba, reunindo profissionais especializados para tornar a revista totalmente inclusiva e acessível ao público-alvo. Mauro Mocochinski, diretor da Escola Agrícola, acompanhou de perto o processo de criação dos estudantes e destacou a importância do trabalho realizado e a clareza das informações apresentadas. “Eles conseguiram, através desta revista, transmitir exatamente o que os estudantes precisam entender e aprender sobre alguns temas, usando uma linguagem simples e acessível.


Esse é o propósito: atingir a pessoa com deficiência e fazer com que se sintam pertencentes à sociedade”, enfatizou.


O evento de lançamento da Revista Boreal foi um momento especial, repleto de atividades pensadas para integrar e alegrar os estudantes da Apae Curitiba. Além da apresentação da revista, os jovens se divertiram com pintura de rosto, muita música e sorteios de brindes, criando um ambiente acolhedor e festivo.


Para saber tudo sobre Deficiência Intelectual, Síndromes e Transtornos, siga a Apae Curitiba no Facebook e Instagram.

0 visualização0 comentário
bottom of page