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Fonte: Jornal Panorama (Leonardo Souza)

Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

Nesta semana, o Brasil celebra dois marcos importantes para a inclusão e visibilidade das pessoas com deficiência auditiva: o Dia Nacional da Educação para Surdos, em 23 de abril, e o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), em 24 de abril. Ambas as datas representam uma reflexão crucial sobre os direitos e desafios enfrentados por mais de dez milhões de brasileiros com deficiência auditiva, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Apesar dos avanços significativos nas últimas décadas, as pessoas surdas ainda enfrentam barreiras educacionais, sociais e de acessibilidade em um país onde a inclusão plena continua a ser uma meta distante. A educação para surdos, que visa promover o ensino e a alfabetização dessa população de forma eficaz e respeitando sua identidade cultural e linguística, é um dos pilares fundamentais para garantir a equidade. No entanto, o acesso a uma educação de qualidade continua sendo uma luta constante para muitas dessas pessoas.


A Língua Brasileira de Sinais (Libras), reconhecida como idioma oficial do país em 2002, desempenha um papel crucial nesse processo. Embora a Lei de Libras tenha trazido avanços importantes, sua implementação ainda enfrenta desafios. A falta de profissionais capacitados, a escassez de materiais didáticos adequados e a resistência cultural em muitos setores da sociedade dificultam a plena utilização da Libras, tanto nas escolas quanto em espaços públicos e privados.


No setor educacional, a inclusão de alunos surdos tem sido um grande desafio. Muitas escolas ainda não oferecem infraestrutura adequada, como intérpretes de Libras ou materiais em formato acessível, o que compromete a aprendizagem e o desenvolvimento desses estudantes. Além disso, a segregação ainda é uma realidade, com muitas crianças surdas sendo matriculadas em escolas especiais, em vez de serem integradas ao sistema regular de ensino.


A situação também é delicada no âmbito dos serviços públicos e privados. A falta de acessibilidade nos serviços essenciais, como atendimento médico, jurídico, bancário e até mesmo no transporte público, exclui muitas pessoas surdas das interações cotidianas. As empresas, tanto públicas quanto privadas, ainda têm muito a avançar na implementação de soluções acessíveis, como a disponibilização de intérpretes de Libras e a inclusão de legendas em vídeos e campanhas publicitárias.


A importância das comemorações dessa semana é dupla. Primeiramente, elas ajudam a lembrar a sociedade sobre os direitos das pessoas surdas e as políticas públicas necessárias para garantir sua plena inclusão. Em segundo lugar, elas ressaltam a relevância da Língua Brasileira de Sinais como uma ferramenta indispensável para a comunicação e a cidadania das pessoas surdas no Brasil. A Libras não é apenas um meio de comunicação, mas uma língua com estrutura gramatical própria, carregada de história, cultura e identidade, que deve ser valorizada e disseminada em todos os níveis da sociedade.

 
 
 
Exclusão digital de pessoas com deficiência compromete direitos humanos e exige acessibilidade e inclusão nas tecnologias.

Fonte: Feapaes-ES (Folha Vitória)


Foto de: Kampus Production (pexels)
Foto de: Kampus Production (pexels)

A exclusão digital de pessoas com deficiência foi um dos principais temas debatidos na sessão anual das Nações Unidas sobre os direitos humanos. A organização ressaltou que a falta de acessibilidade na internet compromete direitos fundamentais, como o previsto no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que garante a liberdade de expressão e de acesso à informação por qualquer meio e sem restrições de fronteira.


Durante o evento, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou que pessoas com deficiência continuam sendo excluídas dos processos de criação e implementação de tecnologias. Segundo ele, essa ausência gera produtos que perpetuam a exclusão e aprofundam desigualdades sociais. Türk defendeu abordagens inclusivas para garantir que as tecnologias contemplem a diversidade das necessidades humanas.



Impactos da Exclusão Digital e a Necessidade de Acessibilidade

Veridiana Parahyba Campos, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP, também destaca os impactos da exclusão digital. Para ela, a ausência de acessibilidade afeta o cotidiano de pessoas com deficiência em áreas como comunicação, vida social e oportunidades de trabalho. Campos observa que, por representarem uma parcela minoritária da população, essas pessoas costumam ter pouca influência sobre as prioridades das plataformas digitais. Ela argumenta que esse cenário reflete a exclusão estrutural presente fora do ambiente virtual.


Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, como a reserva de vagas no mercado de trabalho por meio da Lei de Cotas (Lei nº 8.213/1991), os desafios ainda são numerosos. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2024 indicam que, entre 2009 e 2021, o emprego formal de pessoas com deficiência cresceu 60% acima da média do mercado geral. A ampliação dessas oportunidades, no entanto, depende de investimentos e da consolidação de políticas públicas voltadas para a inclusão.



Autonomia Digital e Soluções Assistivas

A pesquisadora defende que a autonomia digital das pessoas com deficiência seja tratada como prioridade. Embora soluções assistivas como softwares leitores de tela sejam importantes, ela ressalta que o objetivo deve ser garantir o uso independente das tecnologias. Isso requer o desenvolvimento de ferramentas com design universal, capazes de atender às demandas desse público sem a necessidade de mediação.


Campos conclui que mudanças estruturais só ocorrem quando há mobilização coletiva e participação ativa da sociedade. Segundo ela, a transformação não virá apenas de decisões governamentais, mas do engajamento conjunto de cidadãos e instituições em torno da pauta da inclusão.

 
 
 
Apresentada por surdas, a TV Apada dá espaço para artistas PCDs do DF e Entorno para falarem sobre suas criações e quebrar barreiras sociais

Por: Metrópoles (Naum Giló)

Foto de: Metrópoles
Foto de: Metrópoles

Os desafios para quem tem deficiência auditiva são inúmeros. Mas o que nem todo mundo costuma pensar é sobre como essas pessoas conseguem ter acesso à cultura. E é pensando em quebrar essa barreira que a TV Apada se dedica à produção de entrevistas e programas audiovisuais protagonizados por pessoas com surdez, deficiência auditiva e outras deficiências que atuam na cena cultural do DF e Entorno.


Os programas são apresentados na Língua Brasileira de Sinais (Libras), com ferramentas de acessibilidade como legenda em português, closed caption, audiodescrição e interpretação versão-voz — técnica em que a Libras é traduzida para as pessoas ouvintes. Ou seja, todos os públicos conseguem entender os conteúdos transmitidos na programação.

“O projeto surge em uma fase onde a gente discute o anticapacitismo. É uma forma de mostrar que as pessoas com deficiência podem produzir arte e ter acesso a ela quebrando barreiras atitudinais, comunicacionais, arquitetônicas e urbanísticas”, aponta Marcos Brito, intérprete de Libras do canal.

Apresentados por Núbia Laismann e Andréia Brito, ambas surdas, mais de 50 programas estão disponíveis no canal do YouTube e no site da TV. Serão 72 no total. Além de entrevistas com artistas — PCDs ou não —, a programação também inclui debates sobre direitos, poesia, contação de histórias e curtas-metragem. Os programas são publicados às quintas-feiras e aos sábados, às 19h30.


“É um presente de Deus. É uma emoção apresentar esse programa. Adquiro muito conhecimento e experiência e quero continuar cada vez mais aprendendo coisas novas. Quero ser reconhecida pela minha capacidade”, celebra Andréia. “Todos nós somos capazes: pés no chão, ouvidos fechados e olhos abertos. É importante que a gente escute pelos olhos.”


William Tomaz — conhecido na cena do rap como Mano Dáblio — é diretor de acessibilidade na TV e coordenador de projetos da Associação de Pais e Amigos dos Surdos do Distrito Federal (Apada). Entre as várias barreiras enfrentadas pelas PCDs, William destaca uma: “É ter uma equipe alinhada com o propósito e comprometida com ele. Entender o propósito coletivo e trazê-lo para si”.


Boa parte da equipe da TV Apada tem alguma deficiência. William tem os movimentos do braço direito limitados desde um acidente que sofreu em 2019. Ele faz questão de mencionar o colega e diretor técnico do canal, Lucas Rafael, que foi quem idealizou a iniciativa e pensou em submetê-la ao edital da Fundação de Apoio à Cultura (FAC-DF), que apoia o projeto hoje.


Como nasceu e como funciona o projeto

O projeto-piloto da TV Apada surgiu de forma independente em 2014, a partir de conteúdos audiovisuais produzidos pela professora surda Rejane Louredo e pelo intérprete de Libras Marcos de Brito. O canal também é um desdobramento do Surdo Cinema, iniciativa idealizada por William Tomaz e lançada em 2017 com o objetivo de capacitar pessoas surdas usuárias de Libras no universo do audiovisual.


Entre os artistas já entrevistados pelo programa, estão a grafiteira Santa Surda, o artista plástico Marcos Anthony, integrantes da banda Surdodum e o dançarino Diego Portela. Surdo de nascimento, Marcos Anthony tem suas pinturas prestigiadas mundo afora. Sua obra já foi expostas em países como Itália, França, Portugal, Inglaterra, Espanha, República Dominicana, Argentina e Estados Unidos.


“A TV Apada abre um canal para que as pessoas possam conhecer artistas surdos e que saibam que somos capazes. Somos normais, como todo mundo. A TV desmistifica a ideia de que o surdo é uma pessoa diferente, de outro planeta”, observa o artista.


Marcos está com obras expostas na Galeria Athos Bulcão, da Câmara Legislativa do DF (DF), até 30 de abril. Na mostra, o mineiro conta a trajetória enquanto pessoa surda e artista.


 
 
 

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